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Nova Época, Novo Clube! A Arte da Adaptação a uma Nova Realidade!



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Olá, caro leitor.

Após algumas semanas de ausência, iniciamos com este artigo a nova época desportiva do blog. Onde iremos manter total enfoque nas questões relacionadas com o treino em Psicologia do Desporto e o seu contributo no contexto de alto rendimento desportivo mas também nas etapas decisivas que lhe antecede… a formação do atleta! Tendo sempre como base vertente humana na construção, desenvolvimento e consolidação de um traço/perfil do jovem atleta.

Se para o blog a "nova época" caracteriza-se por uma reformulação de metas, ajuste de conteúdos e manutenção da sua base estratégica, já em contexto desportivo (essencialmente no futebol profissional) - onde nos encontramos numa enorme agitação devido as movimentos de mercado - muitos são os jogadores, independentemente do seu nível competitivo que abraçam novos projetos/realidades. Alguns aproximam-se ou alcançam alguns dos sonhos de carreira ao vestirem a camisola de grandes clubes europeus, outros experimentam novos campeonatos em clubes com nível similar ao seu projeto anterior e ainda temos os atletas que tentam relançar a carreira ou ter mais minutos de jogo. Tudo isto gera incerteza, expectativa e bastantes duvidas.

Todos os projetos começam com um "Brainstorming", a tal chuva de ideias, pensamentos e reflexões. É assim nas empresas. É assim na estrutura diretiva de um clube na criação de um projeto desportivo. É assim numa equipa técnica na abordagem a um novo projeto ou no seus crescimento. E é assim também com os atletas na abordagem a um novo desafio desportivo.

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"Quais as expectativas que os adeptos têm para comigo?"

"Estarei á altura deste novo desafio?"

"Sai de um clube grande e fui emprestado, tenho de ter mais minutos. Será que fiz bem em pedir para sair?

"Como serei recebido pelo treinador e colegas?"

"Nova pais, nova cidade, novo clube… espero adaptar-me a isto tudo… eu e a minha família.!"

"Tenho de me afirmar e agarrar a oportunidade!!"

"Quero ter um papel importante na equipa"

Estes são alguns dos pensamentos/questões que poderão surgir na mente dos atletas, com a mudança de realidade. Tudo é novo… tudo menos a competência e o conjunto de habilidades que fez o novo clube apostar na sua aquisição. E isto deve sempre ser lembrado… "as minhas habilidades, o que construi para chegar aqui, ou que habilidades tenho para me poder relançar". Tudo o resto se faz com o contacto com a nova realidade. Com o projeto desportivo, Com o que o treinador pretende e com o encaixe entre as características do atleta na dinâmica da equipa e vice-versa.

Quanto a este brainstorming, onde as questões e reflexões sobre o futuro acontecem e são completamente normais. O importante passa sempre por substituir as questões, duvidas e incertezas, por certezas. Onde a atenção tem de estar no que controlamos, no que depende de nós. A tal substituição das interrogações por exclamações (pelo plano, pela antecipação de alguns contratempos que possamos encontrar).

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Vamos agora direcionar a nossa atenção para algumas condicionantes que podem limitar a exposição total das habilidades do atleta:

  • Dar prioridade de pensamento e importância á expectativa e analise que os adeptos/comunicação social vão fazendo aos seus desempenhos nesta fase da época: Se bem que os midia e a massa humana do clube são importantes, torna-se importante relativizar esta questão, sempre… e em especial na pré-época;
  • Sentimento de permanente avaliação. Sabemos que a pré-época apresenta uma carga de forte avaliação por parte da equipa técnica. Onde a observação e analise da equipa e das características e rendimento dos atletas é avaliado ao detalhe, pois na realidade têm de se tomar decisões. Porém, esta sensação não é positiva para o atleta, pois este, acaba por pensar excessivamente (foco demasiado interno - nos pensamentos) na consequência (resultado) e não no processo (o conjunto de tarefas a desempenhar);
  • Incompatibilidades no papel atribuído pelo treinador ao atleta: Nesta fase, que se caracteriza também por alguma turbulência. Os primeiros jogos e as primeiras abordagens individuais com o treinador começam a demonstrar de forma mais objetiva o papel que o treinador pensa que o atleta terá na dinâmica da equipa. Por vezes, esta linha de definição do treinador não se encontra alinhada com as expectativas do atleta, sendo necessário tempo e diálogo aberto e objetivo;
  • Dificuldade em aceitar ou compreender algumas normas/regras de grupo: Nova realidade, novo grupo, novas regras. Por vezes num clube é permitido, utilizar telemóvel em determinadas zonas, noutro não. Atrasos de um minuto numa realidade pode ser permitida, noutra não. Estas questões também requerem adaptação;
  • Querer fazer tudo bem, como se a forma desportiva se adquirisseem duas unidades de treino: A minha experiencia na prática, com algumas pré-épocas já realizadas, dizem-me que os seus grandes objetivos são: iniciar a construção de uma equipa  (filosofia, valores, objetivos, estratégia, papeis e linhas de comunicação intra-grupo), procurar a forma desportiva individual (técnica, táctica, física e psicológica) e preparar o inicio do período competitivo. Tudo isto com organização pelos seis ou sete microciclos, com sessões de treino, atividades complementares (nutrição, psicologia do desporto, fisioterapia, ginásio ou treino de habilidades especificas). Tudo com treino e tempo. Porém, alguns atletas com a ansia de mostrar as habilidades esquecem-se de dois fatores. O primeiro é o fator tempo, com a necessidade de mostrarem as suas competências totais logo desde a primeira unidade de treino, esquecem do fator tempo, da construção da forma desportiva e da tolerância ao erro. Este fator provoca ansiedade e precipitação. Se estamos ansiosos o nosso foco é mais estreito, os nossos movimentos mais amplos e a probabilidade de errar, ou lesionar é maior. O segundo fator é a compreensão e que por vezes a carga física ao qual um atleta é sujeito nesta fase é um fator positivo e que naturalmente poderá limitar a performance desportiva em alguns jogos de treino.


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Tendo em consideração as condicionantes em cima referidas, o que pode o treinador fazer para tentar estabilizar/organizar uma fase que se caracteriza por alguma turbulência?

Comunicar de forma direta, honesta e objetiva com os atletas, acerca das avaliações que fazem ás suas características (aspetos a manter, desenvolver, eliminar e acrescentar), bem como ao papel que executam dentro da equipa. Essa informação permanente ajuda a reduzir incertezas no atleta, visto que essa incerteza é a principal fonte de stress nesta fase.

Tendo o clube um profissional em Psicologia do Desporto, trabalho poderia estar desenhado no planeamento (grupo e individual) na fase da pré-época, no sentido de promover maior estabilidade no que confere as condicionantes destacadas?

Com o Treinador:

  • Sensibilizar para a importância de uma comunicação aberta e planeada com o atleta. Com objetivo de Expor as suas avaliações ( comportamentos a manter, desenvolver, acrescentar e eliminar. De forma objetiva e claras;
  • Sensibilizar para a importância do desenvolvimento de regras e normas para a estabilidade do grupo;
  • Sensibilizar para a importância da criação de uma visão de futuro, com metas definidas e reconhecimento pelas metas alcançadas através de oportunidades;

Com o Grupo:

  • Desenvolvimento de atividades extra-laborais. De cariz social, no sentido de aumentar o período de contacto entre os atletas e a promoção de conhecimento e ligações entre os elementos;
  • Desenvolvimento de atividades de teambuilding;
Com os atletas:

  • Definição de um plano de objetivos: Onde se encontra um especifico para a fase de pré-época e onde contém não apenas objetivos de resultado mas essencialmente de desempenho (associado ás habilidades e comportamentos);
  • Utilização de Técnicas de Relaxamento e Visualização Mental (já aqui referidos em artigos anteriores);
  • Tolerar o erro;
  • Direcionar o Locus de controlo (a atenção sempre para o que depende do atleta);
  • Dar enfoque ao desempenho (treino diário, aos feedbacks do treinador) e não apenas ao resultado ( a analise ao resultado trará sensações permanentes de avaliação, sendo um dos fatores de maior desregulação emocional)
De salientar que estas sugestões apresentam um carácter geral, sendo portanto subjetivas e apenas de caracter informativo. Para que o trabalho seja desenvolvido de forma adequada é essencial o profissional em Psicologia do Desporto conhecer e estar integrado na realidade da equipa, conhecer os seus elementos e desenvolver uma avaliação que permita o trabalho/treino se ajustar á realidade e necessidades dos seus elementos.

Caro leitor,

Até breve!





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