Avançar para o conteúdo principal

A Importância do Ambiente de Grupo no Rendimento da Equipa.


Imagem relacionada


Olá caro Leitor!

Todos nós sabemos da importância de trabalhar conteúdos que permitam melhorar a produtividade da equipa. Desde construir um modelo de jogo ajustado ás características dos atletas que temos, transmitir-lhes um conjunto de papeis, definir com eles objetivos de resultado (o que queremos atingir) e de performance (o que fazer para atingir) e iniciar uma viagem que dá pelo nome de época desportiva.

Esta viagem está cheia de conteúdos de treino que visam melhorar a qualidade de jogo, ou seja, a produtividade. Que com portamentos devemos manter, consolidar, eliminar e desenvolver.

Estas são sem dúvida as quatro questões que nos fazem perceber se a nossa equipa se encontra no caminho que a equipa técnica delineou no inicio da época a nível de Performance (ou seja, a nível de comportamentos). O outro indicador que nos fará perceber se estamos alinhados com o rumo estabelecido são, claro está, os objetivos de resultado... o que vamos alcançando no decorrer das semanas é o medidor quantitativo de todo o trabalho semanal. Se como elementos de equipa técnica deveremos orientar a avaliação apenas por esse fator? Não... o resultado não depende só de nós, porém é um indicador a ter como é lógico em consideração. Devemos avaliar e preparar de acordo com a performance, sem nunca esquecendo claro está, da importância que o resultado tem  num projeto desportivo, em contexto de alto rendimento.

Imagem relacionadaOra, fazendo um apanhado a esta fase inicial do artigo, podemos verificar que só falei em produtividade. No fundo falei na dimensão da liderança que mais preocupa e ocupa o tempo do treinador.







  • O modelo de jogo a implementar;
  • Distribuir papeis e funções aos atletas;
  • Definir objetivos;
  • Elaborar conteúdos de treino organizados em planeamento de época, macrociclos, mesociclos, microciclos e unidades de treino;
  • Preparar e avaliar a competição.


Estes pontos são uma fonte de prioridade elevada nos treinadores na atualidade. E deve ser? Deve! Estamos a falar de uma equipa desportiva, estamos a falar de rendimento, logo o sinonimo disto tudo tem de ser produção!! E nada melhor que esses items em cima expostos para promover e desenvolver produção eficaz na equipa.

Porém uma equipa é composta por atletas! Elementos que são seres humanos e que antes de serem uma equipa... são indivíduos:

  • Com traços de personalidade distintos;
  • Histórias de vida distintas;
  • Expectativas distintas;
  • Com objetivos individuais bem vincados;
A construção de uma equipa vai muito para lá da dedicação total á sua produtividade! O desporto visto aos olhos das ciências humanas, diz-nos que há outros dois fatores determinantes para o rendimento desportivo da equipa.

Juntemos á Produtividade, o AMBIENTE DE GRUPO e o Desenvolvimento Individual (este já explorado no artigo anterior).

O que é então o Ambiente de Grupo e como podem as equipas técnicas trabalhá-lo?

Contreras (2012), diz-nos que o ambiente de grupo refere-se ao ambiente social e físico que resulta de fatores internos e externos á vida de um grupo. Ou seja, o ambiente atual de um grupo é o resultado dos acontecimentos contínuos que ocorrem dentro e fora do seu habitat, bem como a forma como os acontecimentos foram geridos pelos seus membros.

Imagem relacionadaPorque é que um treinador e claro está, a sua equipa técnica, deverão debruçar-se e trabalhar conteúdos que favoreçam o ambiente de grupo? Aqui estão algumas das razões:







  • O ambiente de grupo acrescenta sustentabilidade á produtividade que foi alcançada anteriormente;
  • Estimula a recuperação da produtividade da equipa;
  • Fornece estabilidade á equipa;
  • Aumenta a sensação de satisfação a cada elemento da equipa;
  • Promove o crescimento e desenvolvimento dos elementos da equipa;
  • Permite o desenvolvimento diário da equipa, sem que haja conflitos significativos;
  • Estimula a participação e crescimento entre os próprios elementos da equipa;
  • Cria controlo sobre o processo e aumento o sentimento de pertença e identificação de cada elemento com a equipa.

Para que o ambiente de grupo possa ser trabalhado de uma forma metodológica e eficaz durante a época desportiva, é essencial as equipas técnicas terem sempre as três bases fundamentais em que o trabalho de ambiente de grupo deve incidir:

  • Criação de normas Internas;
  • Desenvolver a coesão social e coesão de tarefa;
  • Manter redes de comunicação abertas com o grupo;
Neste artigo vamos abordar o trabalho que deve ser desenvolvido na criação das normas internas, deixando o treino da coesão e da comunicação para o artigo que irei publicar no final desta semana.

Criação de Normas Internas

Uma equipa, para se encontrar alinhada, para além de necessitar de objetivos, modelo e papeis definidos, necessita de algo que afeta direta e positivamente as dinâmicas de grupo. As normas ou regras! As normas apresentam sempre a função de acrescentar estabilidade á equipa. 

Porém encontra-se frequentemente equipas técnicas que orientam as suas tarefas apenas para a produtividade, esquecendo de gastar tempo e energia com os espetos que promovem a estabilidade do grupo.

Por isso parece-me importante destacar alguns dos fatores que provocam instabilidade numa equipa:

  • Ausência de normas internas;
  • Não respeito pelas normas existentes;
  • Não há reforços (recompensas/reconhecimento) relacionados ao cumprimento ou não das normas estabelecidas;
  • Os atletas não obtêm qualquer vantagem com o cumprimento das normas;
  • Os treinadores são os próprios a não respeitar as normas.

Para que as regras/normas do grupo apresentem o carater para o qual elas são definidas, que é, acrescentar estabilidade ao grupo, no sentido de ajudar a sustentar rendimento e evitar conflitos significativos, deve ter sempre o treinador como referencia de comportamento e conduta. Para além disso, as normas devem apresentar um dinâmica em que haja reconhecimento e vantagens na sua adesão, para que elas apresentem um peso significativo nas dinâmicas de uma equipa

Resultado de imagem para tomaz morais no treino reguebiComo deve ser então a atuação do treinador na criação e desenvolvimento das normas/regras do grupo:









  • regra deve ser sempre aplicável e ajustada á realidade da equipa. Sendo sempre relacionada com os objetivos desportivos e não em consideração ás vidas pessoais dos atletas;

  • A regra deve aplicar-se a todos, sem preferências ou benefícios de alguns atletas em detrimento de outros;

  • Para que as sanções não criem sentimentos negativos em relação ao treinador é determinante a equipa se informada sobre o que poderá acontecer caso a regra não seja cumprida;

  • Os atletas devem sentir-se parte integrante neste processo de criação das normas. Por isso, é importante envolve-los neste processo de criação. Uma reunião no balneário numa fase inicial de época, abordando este tema, poderá fazer comprometer os atletas neste processo. Pois, "Quando participas, sentes sempre que fazes parte de...";

  • Para que a solução seja eficaz, deve ser sempre imediatamente imposta de acordo com o incumprimento cometido. Isto fará com que o atleta registe o acontecimento como uma transgressão ás normas do grupo e não como um capricho do treinador.
Para uma equipa reunir todas as condições para dentro das quatro linhas render o máximo das suas potencialidades é essencial juntar aos aspetos de rendimento e produtividade da equipa, a questão da estabilidade, onde as normas apresentam um papel determinante. Uma equipa estável apresenta sempre uma maior probabilidade de gastar energias e direcionar a atenção naquilo que é mais relevante... o Jogo!

No final da semana abordaremos a coesão grupal e a comunicação, como ferramentas para promover um ambiente de grupo favorável ao rendimento desportivo.

Caro leitor,

Até breve!



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Um Exemplo de Identidade com Margem de Progressão Emocional.

Acerca desta reflexão sobre a equipa do FC. Porto devo tomar desde logo esta nota prévia. Toda a análise desenvolvida tem em consideração a minha opinião pessoal vista de uma forma dissociada, ou seja, não estando no contexto, não vendo os treinos e não conhecendo o dia a dia de trabalho desta equipa. Porém, será sempre uma análise vista com a minha lente… aquela lente que me leva sempre para a minha profissão, a Psicologia do Desporto. O início de época garantidamente que terá sido um desafio para a estrutura técnica da equipa. Sérgio Conceição foi recebendo os atletas a conta gotas, numa fase onde o foco do trabalho já deve estar na aquisição do modelo de jogo, em conhecer os atletas e ajustar os papeis que cada um iria ter, àquilo que o treinador pretende para a sua equipa e ao mesmo tempo passar os valores, regras e princípios que assentam um balneário fortemente liderado pelo seu traço de personalidade vincado. Chegaram a conta gotas, mas chegaram com rótulo de qu...

O Talento no Desporto - Da Identificação à Qualidade da Exposição.

Bom dia caro Leitor, O desporto é o reflexo da sociedade em que estamos inseridos. No contexto social de hoje, onde o imediatismo predomina, muitas são as vezes em que utilizamos a palavra “talento” para classificar um individuo que demonstra um conjunto de aptidões para o desenvolvimento de uma atividade especifica. A própria sociedade parte em busca desse talento – vejamos por exemplo, os mais diversos programas de “caça talentos” que encontramos nos écrans da televisão – querendo que o mesmo seja de rápida identificação, pois a cultura do “aqui e agora” não permite esperas. Vivemos, portanto, num contexto de procura por um resultado rápido e de uma orientação motivacional que também nos leva nesse sentido, onde o fator tempo nem sempre é respeitado como deveria ser. Será que essa pressa não poderá condicionar o desenvolvimento do talento, ou mesmo precipitar a sua identificação? Direcionando a atenção para o contexto desportivo, percebe-se desde logo, que esta ativ...

O Microciclo - Planear e Treinar com a Psicologia do Desporto.

Olá caro Leitor! O artigo de hoje é especial para mim, pelo simples facto de que saí de uma perspetiva de formação geral - onde destaco vários temas e tento ser o mais prático possível para que o leitor possa, para além de refletir, extrair algumas ferramentas gerais - para o campo, para o planeamento e treino. Esse contacto de permanente antecipação, planificação, avaliação e ajustes permanentes, numa ciência nada mas mesmo nada exata, como é o desporto! Com este artigo vou expor um pouco sobre o meu trabalho prático, mais concretamente a exposição dos dois momentos que considero essenciais na preparação de uma equipa e claro da equipa técnica para a competição.  Neste sentido, destaco as duas fases que o trabalho de preparação do jogo contempla, dentro do modelo de trabalho que desenvolvo: · Relatório de Preparação da Semana: Este relatório contem a avaliação do jogo anterior; analise do estado atual da equipa onde trabalho e analise ás caracterís...