Avançar para o conteúdo principal

Psicologia do Desporto - A Versão de Quem Mais Importa - Os Atletas! Pedro Santos





Olá, caros leitores!

"A versão de Quem mais Importa", é um espaço no blog que permite ao leitor ter a perceção prática do trabalho/treino desenvolvido pela área da Psicologia do Desporto e em particular pela metodologia de treino que apresento como base no meu trabalho diário.

Esta semana desafiei o Pedro Santos para partilhar de uma forma geral o trabalho que desenvolvemos juntos, na época de 2013-2014. Criei e desenvolvi o Departamento de Psicologia do Desporto no Clube dos Galitos e foram de facto uns meses desafiantes, onde o foco do trabalho era "o treino do treinador", desenvolvendo programas individuais de habilidades para os técnicos. Paralelamente trabalhei com os atletas considerados "potenciais talentos", enquadrando-se aqui o Pedro. Um trabalho que se estruturou em educação, aquisição e prática das habilidades a manter, desenvolver, eliminar e acrescentar. Tudo com bola, tudo integrado! Os treinos começavam as 08h da manha… Se era fácil na altura este horário para o Pedro? Acredito que não… mas é nestes contextos onde nos habituamos a ter hábitos de alto rendimento desportivo que surge a evolução do atleta no seu contexto de atuação.

Vamos então apresentar o Pedro Santos. Atleta de Basquetebol com um trajeto na formação desportiva no Clube dos Galitos de Aveiro. Representou o Iliabum na Proliga ajudando a equipa na subida á primeira liga de Basquetebol. Na primeira liga representou o Terceira Basket, Ginásio Figueirense e na última época integrou o Lusitânia, tendo participado nos Playoffs.


Passo então a palavra ao Pedro…




"Obrigado Luís Parente por este convite, gostei muito da ideia de sair da zona de conforto para escrever algumas palavras sobre o trabalho que fiz contigo e ao mesmo tempo refletir/relembrar sobre o impacto que tem tido na minha vida.

Estávamos a meio de época 2013-14, eu era atleta sub-20 do Clube dos Galitos e lembro-me que nos conhecemos na altura decisiva do campeonato, que era o título distrital, o objetivo principal da equipa. Chegámos ao dia da final com o record impressionante de 23-0, nesses 5 meses de trabalho a equipa não sabia o que era perder, e eu recordo-me perfeitamente dos meus pensamentos antes do jogo, “vais lá, fazes o teu joguinho tranquilo, toda a gente vai dar o seu melhor, não tens que te preocupar muito”, a verdade é que perdemos, no fim do jogo parecia um sonho, não conseguia perceber o que se tinha passado, senti que tinha falhado com toda a equipa e pior comigo mesmo.

No dia seguinte estava no pavilhão com o Parente e refletimos que estava tão focado em fazer as minhas coisas que me esqueci da mais importante, LIDERANÇA. Hoje sei que essa derrota foi das maiores lições que podia ter tido, e essa pequena conversa mudou a minha vida. LIDERANÇA está presente em todo o lado, em tudo o que fazemos no nosso dia a dia, e ganhei uma paixão enorme em potenciar pessoas a sonharem e a mostrarem a sua melhor versão.

O segundo momento que me marcou foram os treinos, todos os exercícios começavam com um OBJETIVO, “quantos marcas?”, e eu no meu cantinho respondia seis, rapidamente percebemos que estava na minha zona de conforto, e o crescimento foi enorme. OBJETIVO, a maior lição foi que eu tinha noção do meu progresso todos os dias, tinha noção de quando perdia o foco durante o período do treino e comecei a perceber que a maior luta vem de dentro. Uma historia engraçada, a pergunta era quantos marcava em 10 lançamentos tentados, e após algumas semanas de treino em que o objetivo era marcar os 10, o Parente contava em voz alta oito e eu continuava a marcar e ele oito e não saiamos dali. Continuava a mostrar me que os limites são o que nós fazemos deles.

Toquei na palavra FOCO, a maior evolução que senti, eu tinha um hábito horrível de me castigar quando fazia alguma coisa mal, mas pior que isso, deixava que isso influenciasse os eventos seguintes. Muitas vezes ele tocou no assunto, FOCO NO PRESENTE, eu marcava cinco seguidos falhava dois seguidos, FOCO NO PRESENTE, o processo foi melhorando e consequentemente os resultados também. Hoje dou muita importância ao momento, ao agora.

Por último, o que me marcou mais foi uma simples palavra, LAMBE-TE, era simplesmente um feedback positivo, objetivo alcançado, LAMBE-TE, estava tão focado em ser perfeito e em não errar que nem tinha noção das vezes que cumpria o objetivo. E com uma simples palavra comecei a dar mais valor a mim mesmo e às coisas que sou bom e que faço bem.

Mais uma vez, obrigado pelo convite, obrigado pelo impacto que tiveste na minha vida e nas pessoas com quem trabalhas. Sempre disponível para ajudar e para crescer.



Pedro Santos"

Obrigado Pedro pela participação neste projeto, mas essencialmente por me teres feito viajar á época 2013-2014 e recordar o trabalho fantástico que desenvolvemos juntos.
Que tenhas uma época de acordo contigo… em grande!!

Caro leitor,

Até Breve!



 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O Microciclo - Planear e Treinar com a Psicologia do Desporto.

Olá caro Leitor! O artigo de hoje é especial para mim, pelo simples facto de que saí de uma perspetiva de formação geral - onde destaco vários temas e tento ser o mais prático possível para que o leitor possa, para além de refletir, extrair algumas ferramentas gerais - para o campo, para o planeamento e treino. Esse contacto de permanente antecipação, planificação, avaliação e ajustes permanentes, numa ciência nada mas mesmo nada exata, como é o desporto! Com este artigo vou expor um pouco sobre o meu trabalho prático, mais concretamente a exposição dos dois momentos que considero essenciais na preparação de uma equipa e claro da equipa técnica para a competição.  Neste sentido, destaco as duas fases que o trabalho de preparação do jogo contempla, dentro do modelo de trabalho que desenvolvo: · Relatório de Preparação da Semana: Este relatório contem a avaliação do jogo anterior; analise do estado atual da equipa onde trabalho e analise ás característica

Vamos lá enquadrar... Psicologia do Desporto, "o que é" e "como" trabalha?

Na realidade não aguentei muito tempo desde a primeira publicação! Senti que a apresentação teria de vir acompanhada já de algum conteúdo associado ao motivo que me moveu a iniciar esta aventura que tem por nome - Psicologia Alto Rendimento Desportivo . Depois deste "quase" duplo post, vou optar por colocar um artigo semanal, que aborde um tema acerca desta fantástica área de intervenção, que se encontra integrada no treino desportivo! Bem, mas afinal o que trabalha a Psicologia do Desporto?  Como se desenvolve a sua intervenção e como se enquadra o profissional neste processo todo? Vou aproveitar uma entrevista que concedi no âmbito de um trabalho escolar, onde as perguntas foram super pertinentes para explorar, de facto, um pouco sobre este mundo onde a teoria e a prática, ou seja, o saber-saber, e o saber-fazer têm de andar sempre de mãos dadas. Convido então o leitor a iniciar esta viagem... venha daí! 1. Quais são os objectivos da intervenção da Psicol

Preparamos o Jogo. Mas Será que nos Preparamos para o Jogo?

Olá caro leitor, O aproximar da ciência ao desporto fez com que as variáveis que envolvem a preparação do jogo fossem cada vez mais alvo de observação, análise, recolha e monitorização. A ciência sem sombra de dúvida desenvolveu o contexto desportivo e toda a forma como nele se trabalha, auxiliando as equipas técnicas quer na preparação do plano de competição de um contexto específico (o jogo contra o adversário X), quer o desenvolvimento das habilidades e comportamentos dos atletas e da produtividade da equipa. Para além da recolha de informação tão útil para o processo de construção do treino e preparação do jogo, temos o trabalho transdisciplinar. O tal trabalho onde várias áreas da ciência (Nutrição, Fisioterapia, Psicologia…), incorporam as suas valências e desenvolvem programas trabalho complementares extremamente uteis para os acontecimentos de uma época desportiva. As ferramentas que estas áreas associadas ao treino incorporam são de facto uma mais va