Olá caro leitor,
Hoje na rúbrica "Na Diagonal", temos obrigatoriamente que direcionar as atenções para o Futebol, mais concretamente para a Liga NOS.
Sem dúvida que um campeonato aproxima-se muito ao contexto de maratona, onde a consistência e regularidade têm de ser a base. Durante o varrer das semanas de competição, as equipas constroem-se, assimilando processos grupais, acrescentando habilidades individuais dentro do que o treinador pretende, para que todo o processo se consolide e estabilize, tanto em termos de produtividade como de ambiente de grupo. Ou seja, social e tarefa quase sempre de braço dado.
Enquanto este processo de construção/consolidação de equipa decorre, temos as competições, onde os pontos são essenciais para que nos momentos de decisão os clubes "estejam dentro" daquilo que estabeleceram no inicio da época. Sendo o resultado final de cada jogo determinante, porém o processo, o desempenho e o comportamento conseguem ser o fator prioritário na cabeça dos treinadores.
E porquê?? Porque as equipas estão no decorrer de boa parte da época acrescentar, desenvolver, consolidar e eliminar comportamentos, atitudes e habilidades. Passando o resultado não para um segundo plano mas para um fator de equilíbrio forte no que se compara com o desempenho.
Chegamos então a estes últimos três jogos com os processos consolidados e as equipas estabilizadas, mesmo que em alguns casos tenhamos alguma desestabilização estrutural, o que curiosamente permitiu aumentar algumas componentes de caráter psicossocial como coesão, identificação e pertença.
Por isso com maiores ou menores limitações os cenários estão lançados, tanto para a parte superior da tabela, onde existem três candidatos ao titulo - FC. Porto, SL. Benfica e Sporting CP., como para a luta sufocante pela manutenção na tão desejada Liga NOS, onde matematicamente nove equipas ainda se encontram para a garantir.
Numa fase onde as decisões de uma época se estão a aproximar, existe uma variável que se encontra obrigatoriamente presente. O stress! Stress pela busca pelo objetivo de resultado pretendido, pelo alcançar de metas que moveram dezenas de estágios, centenas de treinos e dezenas de jogos. No fundo é aquela adrenalina do final de uma maratona equilibrada que acabará ao sprint! Porém, para que a aproximação ao que toda a equipa ambicionou seja positiva é essencial saber gerir esse stress, esse contexto emocional adicional que se encontra naturalmente nas equipas que lutam, seja por que objetivo for!
Deixo aqui algumas das variáveis características deste tipo de momentos de decisão, sendo o controlo das mesmas essenciais para o sucesso:
- Clara tendência para orientar exclusivamente a atenção para os objetivos de resultado: Na cabeça de alguns atletas e treinadores neste momento só está o objetivo que se estabeleceu. Por vezes levantam-se algumas questões como, "Vamos conseguir?"; "Estaremos preparados?"; "temos mesmo de ganhar" Este tipo de antecipação do futuro traz instabilidade emocional e aumenta os níveis de stress. É importante as equipas técnicas anteciparem e direcionarem a equipa para os comportamentos, para o plano de jogo, onde o desempenho tem de ser o principal foco. O plano de jogo traz conforto e controlo, logo maior estabilidade emocional;
- Podem surgir pensamentos catastróficos: Caso aconteça algum percalço no decorrer destes jogos, as equipas ainda poderão estar dentro do que pretendem, porém e devido á fase decisiva em que se encontra a época desportiva surge o risco da equipa perder energia positiva, ficando depressiva com o resultado não desejado. Pensamentos como "Como nos foi acontecer isto?" Já fomos!"; "não conseguimos", podem surgir naturalmente. Mesmo estando a equipa com possibilidades de alcance de sucesso. É essencial a equipa técnica direcionar as avaliações do jogo para o desempenho, tirando a carga do resultado; apresentar uma visão alargada... ou seja analisar todo o processo e não apenas o ultimo jogo e redirecionar a equipa para o alcance do objetivo.
- Preconceitos: "ahhh jogámos lá nos últimos dois anos e não conseguimos ganhar!"; "temos uma tarefa difícil!" "Jogar naquele sitio é um problema!". Preconceitos condicionam a ação, aumentando os níveis de ansiedade e stress. Devido ao momento decisivo esta situação pode ocorrer em diversos locais como este fim de semana na Madeira, ou no próximo em Alvalade. Cortar com este tipo de condicionamentos é essencial. Mais uma vez o antecipar e direcionar a equipa para os aspetos que controla - o desempenho, é a chave!
- Descontrolo Emocional do Treinador e do Banco: Quem está dentro das quatro linhas necessita de feedbacks objetivos e claros e precisa de permanente suporte. Descontrolo gera descontrolo. É importante o treinador cuidar da sua imagem corporal para transmitir segurança e suporte aos atletas independentemente do cenário em que o jogo se encontra. Também se torna importante sensibilizar o banco para comportamentos de apoio, suporte e de interpretação individual do jogo.
O fantástico do desporto é isto mesmo... perante uma maratona onde por vezes parece que os cenários de classificação se encontram estabilizados, aproximamo-nos da meta e torna-se essencial um sprint com emoção, mas essencialmente com muita razão!
Caro leitor,
Até breve!
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