Enquadramento:
Não podemos começar a análise a este jogo sem fazer uma abordagem geral a um dos grupos mais equilibrados desta primeira fase do Mundial. Sem nenhum teórico tubarão, o grupo H caracteriza-se por equilíbrio, competitividade, qualidade e distinção de filosofias/ideias de jogo.
Temos uma Polónia com o seu bloco sólido e coeso, onde foram faltando ideias e criatividade ofensiva. Um Senegal impressionantemente organizado e vertical na hora de lançar as suas "setas" em direção á baliza. Jogo vertical, a aproveitar os corredores e um ambiente de grupo que desde a primeira jornada me cativou. Um Japão resiliente e produtivo - como caracteriza a sua sociedade - mantendo sempre um nível de concentração elevado nas suas tarefas, indenpendentemente do momento que se escrevia na história do jogo. E uma Colombia num risco, se calhar não tão previsível no inicio deste mundial, mas que a madrugadora expulsão no primeiro jogo contra o Japão assim o ditou. Porém com uma qualidade técnica elevada, num grupo que se mostrou coeso nos vários momentos do jogo e forte no controlo e circulação da posse. Aqui ou ali fui vendo alguns desiquilibrios defensivos no momento da perda por parte desta seleção.
Bem, temos jogo, e que jogo em perspetiva. Acredito eu, que Senegal e Colômbia mantenham as suas ideias de jogo, sendo que o Senegal, talvez ajustando-se um pouco aquilo que o empate lhe poderia trazer… a passagem aos oitavos. E que risco pode ser esse ajuste estratégico ou involuntário a um cenário futuro que nos pode ser favorável!!
O que vi eu em traços gerais?
- A fase inicial de jogo caracterizou-se pela a aplicação das duas ideias de jogo que se perspetivava para as duas seleções. Colômbia a tentar impôr o seu jogo de posse, circulação, aproveitamento de corredores laterias e aproveitar James e Quintero para os momentos de definição. Palavra chave: controlo dos ritmos de jogo. Conseguiu fazê-lo mas sem grande perigo ou oportunidades. Já o Senegal a optar por um bloco baixo, intenso e organizado! Saindo algumas vezes com perigo em transições rápidas, aproveitando a velocidades dos seus jogadores na exploração dos corredores laterais. Conseguiu várias vezes criar perigo neste registo. E que importante é, para um equipa que passa mais tempo no seu momento defensivo, conseguir criar desconforto no adversário através das transições. Isso faz com que o adversário esteja sempre em alerta e percepcione competência nas ações de quem opta por esta ideia de jogo. A ideia é fazer com que, neste caso a Colombia, sentisse que o Senegal, em qualquer momento poderia ser eficaz no processo ofensivo. E que desconforto traz isso para ma equipa que pretende impor e controlar os ritmos.
- Destaque para a qualidade e influência que Quintero apresenta neste jogo da Colombia, seja a construir ou a definir o ultimo passe. Quem o viu e quem o vê. Uma boa surpresa!
- Segunda parte inicia-se com um cenário idêntico. Posse, circulação e aproximação á área por parte da Colombia, sem grande perigo, mas a controlar os ritmos.
- Com o decorrer da segunda parte o Senegal já sentia dificuldades em ter bola, em sair no seu registo habitual de transições ofensivas, acabando por abdicar desse momento do jogo, remetendo-se a maior parte do tempo ao momento defensivo.
- Sabemos perfeitamente que, quando abdicamos de ter bola, não conseguimos sair a jogar, ou respirar um pouco no meio campo do adversário, que o desconforto aumenta, e o olhar para o relógio também;
- Destaco nesta fase do jogo para a racionalidade com que a seleção Colombiana desenvolvia o seu jogo, mesmo sabendo que teria de fazer golo se quisesse passar a fase de grupos. Isso poderia precipitar a Colômbia mas tal não aconteceu.
- Já o Senegal defendia e notava-se que olhava para o cronómetro, saindo das suas origens de transição, de criar perigo para se remeter ao seu bloco defensivo. Quando saímos do nosso conforto… daquilo que treinamos e temos adquirido, a maior parte das vezes sucede o que acabou por suceder!
- Bola parada. Golo da Colômbia!
- Afinal o Senegal ainda estava lá! Cinco minutos de intensidade, de velocidade de execução e algumas ocasiões de golo, quase todas construídas pelos tais velozes corredores laterais. Porque não se manteve assim e saiu do registo durante grande parte da segunda parte? Quando o foco está no resultado… muitas vezes desvirtuamos o plano de jogo.
- Nos últimos minutos, já o Senegal jogava com o coração, com perdas de bola sem oposição e 1x1 forçados. A Colombia mais uma vez muito bem na adaptação, desta vez ao cenário de vantagem. Posse, circulação rápida a ocupar os espaços dados por um Senegal com linhas subidas. E a aproveitar a capacidade técnica dos seus jogadores para sofrerem faltas de uma seleção Senegalesa precipitada.
- Vence e bem a Colômbia.
Um jogo que nos traz como lição, que mesmo com um resultado favorável e com os minutos do relógio a contarem a nosso favor, deveremos ter sempre o pensamento nos nossos comportamentos… na nossa estratégia… no nosso plano… pois estes, são os fatores que controlamos!
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