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Treinar o técnico, o táctico... Treinar a Auto-Confiança!


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Boa tarde caro Leitor,

Tantos acontecimentos desportivos relevantes aconteceram nestes últimos dias, houve campeonato, houve Champions no caso do futebol, tivemos um Porto vs Sporting no Andebol, Taça de Portugal no Hóquei em Patins com um sempre apetecível FC. Porto vs Oliveirense e uma Final-Four da Taça de Hugo dos Santos em Basquetebol. Ou seja, um apaixonado pelo desporto como eu teve muito por onde se entreter, observar e claro aprender... sempre!

Vejo uma preparação pormenorizada de cada detalhe na competição, onde o treino é sempre preparado tendo em consideração a competição seguinte, onde ferramentas como, Scouting da própria equipa e do adversário, conteúdos de treino próximos das condicionantes do adversário; vídeos; relatórios; estatísticas e preparação de frações de jogo, são utilizados. Tudo ao detalhe para que cada vez mais as variáveis que possam ser controláveis estejam - dentro do possível- controladas.

Ora falei de tático, técnico e físico, porém não salientei uma área do treino que é essencial para que a equipa e os seus elementos usufruam com rendimento eficaz da prática da sua modalidade - A área Psicológica. Área essa, ainda muita vezes direcionada para o senso comum dos elementos que compõem uma equipa técnica. Há profissionais com formação em Psicologia com capacidade de avaliar, identificar, criar programas e preparar as equipas para que a nível Psicológico também tenham controlo e monitorização. Pois como as restantes áreas do treino, esta também visa intervir para promover uma melhoria de rendimento individual e grupal das equipas desportivas.

Depois disto, podemos referir que a autoconfiança, é um traço inalterável? Deve ser levada ao acaso? O atleta e o treinador têm a capacidade de autonomamente reforçarem essa componente? Não, Não, Não e... Não! Se o treino físico trabalha a vertente muscular para optimizar rendimento e prevenir lesões, se a tática te dá organização, a Psicologia dá-te técnicas e ferramentas para treinar as componentes Psicológicas, como por exemplo, a que ressalvei no titulo... a Auto-Confiança!

O que é isto da autoconfiança? Eu costumo referir que a autoconfiança é a capacidade que o atleta/treinador percepciona de responder positivamente a um desafio proposto pelo meio ambiente. Neste caso, podemos referir, por exemplo que é a capacidade que um atleta ou uma equipa apresenta para responder positivamente após um golo sofrido. Agora, recorrendo á literatura, De Diego e Sagredo (1992) dizem que a auto confiança é fundamental para a optimização do rendimento do atleta, pois trata-se da crença interna de que um individuo é capaz de fazer algo com base na adequabilidade das suas próprias capacidades de executar com êxito as tarefas propostas.


O mesmo autor diz-nos, "Pensamentos Positivos geram emoções positivas e tudo isso leva a ações positivas". Esta frase leva-nos ao principal paradigma da Psicologia do Desporto: PENSAR-SENTIR-AGIR. Ou seja, para termos um nível de auto-confiança ótimo, é essencial Treinar o que devemos pensar - treinar o pensamento - para obtermos boas sensações e como consequência uma probabilidade maior da ação ser positiva... ou seja, eficaz para a tarefa (Se eu pensar de forma eficaz estou mais perto de ser eficaz no livre direto no hóquei, ou no lance livre no basquetebol).


Como funciona isto então do nível óptimo de autoconfiança?? CostuResultado de imagem para autoconfiança U invertidomo explicar aos atletas e treinadores com quem trabalho que funciona num continuum, num U invertido, que percorre uma escala de 0 a 10.


 Escala 0 a 4: Este nível corresponde a níveis de autoconfiança baixos, onde o atleta percepciona pouca competência perante os estímulos associados à prática desportiva que lhe é proposta no quotidiano. As principais características deste nível são:






  • Os atletas apresentam tanto medo de falhar que recusam participar, ou agem sem convicção que vão ter sucesso nas tarefas;
  • Tem uma autoimagem perdedora, orientados para o sucesso "Procuram não errar, em vez de acertar e ter a cabeça no sucesso"
  • Acreditam firmemente que não importa o quanto treinam que mesmo assim não vão melhorar o rendimento;
  • Apresentam altos níveis de ansiedade e baixos níveis de concentração;
  • São atletas (dependendo claro está do nível competitivo) com alto risco de abandono da pratica desportiva.
Imagem relacionadaEscala 5-7: Este é o nível desejado. O nível óptimo de autoconfiança. Nem baixo nem excessivo. O estado onde o atleta deve ter confiança total nas suas capacidades e ter o seu melhor desempenho. As principais características deste nível são:













  • Os atletas praticam a modalidade com total conhecimento das suas habilidades: Forças e Fraquezas, estabelecendo objetivos reais e desafiantes tendo como base esse mesmo conhecimento;
  • Desenvolvem conjuntamente os Níveis de autoconfiança e as habilidades física-técnica e tácticas; através de objetivos de desempenho e não de resultado;
  • Utilizam os erros e derrotas de forma positiva, como sendo uma ferramenta de aprendizagem para melhorar no futuro;
  • Não limitam as suas ações devido ao medo de ganhar ou perder;


Resultado de imagem para nba smileEscala 8-10: Este nível corresponde ao excesso de confiança. Quando o atleta começa a entrar neste nível o seu rendimento desce, pois está mais sujeito a distrações e a avaliações do seu desempenho apenas aferido pelo resultado obtido e não pelo seu real desempenho. O atleta aqui começa a distrair-se do seu processo. As principais características deste nível são:




  • O nível de confiança do atleta é maior do que as suas habilidades de facto demonstram;
  • As crenças inadequadas que o atleta apresenta podem ser reforçadas pelo seu ambiente como treinadores ou familiares;
  • A crença interna desadequada pode também ser um reflexo externo (comportamental) de pouca confiança interna (pensamento). Agressividade e cinismo podem ser uma resposta a potenciais duvidas internas;
  • Confundem o real com o ideal. Ou seja, o que na realidade são agora com o que gostariam de ser;
  • Apresentam tendência para evitar situações que possam beliscar a sua imagem como atletas, como por exemplo: Simular lesões, ou promover discussões com árbitros e outros estímulos não importantes para a execução da tarefa.
Resumindo estes três níveis é essencial perceber que o profissional em Psicologia do Desporto deverá identificar qual o nível em que o atleta se encontra e reestruturá-lo sempre para o seu nível ideal de autoconfiança. Esse é um dos principais desafios da Psicologia do Desporto. Avaliar; Identificar; Planear e Treinar, mantendo ou conduzindo o atleta e/ou o treinador para o nível óptimo de autoconfiança... O tal nível de 5-7 no continuum anteriormente explicado.

Como fazemos este tipo de trabalho? Através de Treino!! Treinar o Cérebro para Pensar Bem, Para ter boas Sensações, Aumentando a Probabilidade das Ações serem Positivas!

No próximo artigo falarei de algumas técnicas gerais que poderão ser utilizadas.

Caro Leitor,
Até Breve!









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